sexta-feira, dezembro 29, 2006
Hino Nacional de São Tomé e Príncipe
Independência total
Glorioso canto do povo
Independência total
Hino sagrado combate
Dinamismo
Na luta nacional
Juramento eterno
No país soberano
De São Tomé e Príncipe
Guerrilheiro da guerra sem armas na mão
Chama viva na alma do povo
Congregando os filhos das ilhas
Em redor da Pátria Imortal
Independência total, total e completa
Construindo no progresso e na paz
A Nação mais ditosa da terra
Com os braços heróicos do povo
Independência total
Glorioso canto do povo
Independência total
Hino sagrado combate
Trabalhando, lutando e vencendo
Caminhamos a passos gigantes
Na cruzada dos povos africanos
Hasteando a bandeira nacional
Voz do povo, presente, presente em conjunto
Vibra rijo no coro da esperança
Ser herói na hora do perigo
Ser herói no ressurgir do país
Independência total
Glorioso canto do povo
Independência total
Hino sagrado combate
Dinamismo
Na luta nacional
Juramento eterno
No país soberano
De São Tomé e Príncipe
(Alda Espírito Santo)
quinta-feira, dezembro 21, 2006
21 de Dezembro
domingo, dezembro 17, 2006
quinta-feira, setembro 14, 2006
Bandeira de São Tomé e Príncipe
O significado de cada um dos elementos que compõem a bandeira:
- duas estrelas simbolizando as ilhas do arquipélago;
- um triângulo, exprimindo a igualdade, vermelho, simbolizando a a luta pela independência;
- as cores amarelo, verde e vermelho, relativas ao movimento de libertação (as cores pan-africanas).
Sugestão: O PAN-AFRICANISMO
quarta-feira, setembro 13, 2006
Educação - Notícia
Curso Secundários de Qualificação Profissional – uma experiência-piloto em S. Tomé e Príncipe
Uma taxa de aproveitamento de 100% no Curso de Gestão e Administração e de cerca de 90% no Curso de Humanísticas, foram os resultados alcançados no primeiro ano da expriência-piloto dos Cursos Secundários de Qualificação Profissional.
A experiência decorreu nas instalações do Liceu Nacional de S. Tomé, com 30 alunos, em cada uma das áreas, tendo a docência sido assegurada por cooperantes portugueses. Os resultados alcançados devem-se em grande parte ao modelo de funcionamento posto em prática, designadamente a afectação em regime de exclusividade de um professor cooperante para cada um dos Cursos, a existência a tempo inteiro de um coordenador para o Projecto de Apoio ao Ensino Secundário e a dimensão reduzida das turmas face à média que, no Liceu, ronda os 70 alunos/turma.
Prevê-se o alargamento desta experiência, a partir do próximo ano lectivo, às áreas tecnológicas, Construção Civil e Electricidade.
São Tomé e Príncipe na Web
Turismo Solidário - Escola Não Formal de Diogo Vaz
Malária
Incidências:
Casos - entre 300 e 500 milhões
Mortes – 1 a 2 milhões (anuais)
Distribuição:
Persiste numa centena de países, embora atinja com maior virulência regiões pobres da África tropical, da Ásia e da América latina.
Agente causador:
Quatro espécies de protozoários: Plasmodium vivax, Plasmodium ovale, Plasmodium malariae e Plasmodium falciparum.
Agente transmissor:
Fêmeas do mosquitos do género Anopheles, que transmitem o vírus ao picar.
Sintomas:
Surgem entre uma semana e um mês depois da infecção. São semelhantes ao da gripe: febre, calafrios, dores de cabeça e musculares, mal-estar generalizado, náuseas e, por vezes, vómitos, diarreia e tosse. Pode afectar órgãos vitais, como o cérebro.
Relatos de viagens a São Tomé e Príncipe
A minha viagem por São Tomé e Príncipe, por Nuno Martins
O Paraíso Perdido, por Alexandre Coutinho
One month in the Forest of Príncipe, por Jonathan Baillie
sábado, setembro 09, 2006
sexta-feira, setembro 08, 2006
Provérbio – São Tomé e Príncipe
Pa dôçu ficá limpu
Um comentário ao livro em Livros e Escritores.
quarta-feira, setembro 06, 2006
Poesia - Alda Espírito Santo
Ilha nua
Coqueiros e palmares da Terra Natal
Mar azul das ilhas perdidas na conjuntura dos séculos
Vegetação densa no horizonte imenso dos nossos sonhos.
Verdura, oceano, calor tropical
Gritando a sede imensa do salgado mar
No deserto paradoxal das praias humanas
Sedentas de espaço e de vida
Nos cantos amargos do ossobô1
Anunciando o cair das chuvas
Varrendo de rijo a terra calcinada
Saturada do calor ardente
Mas faminta da irradiação humana
Ilhas paradoxais do Sul do Sará
Os desertos humanos clamam
Na floresta virgem
Dos teus destinos sem planuras...
(É nosso o solo sagrado da terra)
1 - 0ssobô: ave de belas cores, cujo canto, segundo a tradição, anuncia chuva. Tem ainda a força mítica que o associa a regiões paradisíacas.
segunda-feira, setembro 04, 2006
Preocupações ambientais
Especialistas alemães avaliam viabilidade das energias renováveis Uma equipa de especialistas alemães deverá avaliar em breve a possibilidade de combinar energia eólica, solar e biomassa em São Tomé e Príncipe, contribuindo dessa forma para a resolução do problema de energia eléctrica que afecta todo o arquipélago. Foi este o resultado de uma visita efectuada à Alemanha pelo ministro são-tomense dos Recursos Naturais e Meio Ambiente, Manuel de Deus Lima. De acordo com a tutela, em conversa com os alemães ficou a promessa de enviar ao arquipélago uma equipa de especialistas com a missão de avaliar que energias renováveis se poderão adaptar à realidade são-tomense. A Alemanha vem assim reconhecer os estudos que têm vindo a ser realizados em São Tomé, com vista à implementação de soluções energéticas que passem pelas fontes de energia renováveis, nomeadamente o aproveitamento da energia do sol, vento e de resíduos sólidos. «Como já é do conhecimento de todos, no mundo moderno produz-se energia através do vento», uma técnica que poderá ser aplicada em São Tomé, «não obstante o arquipélago ser um país com ventos fracos», disse o ministro. «Vimos muitos locais na Alemanha a alimentar as casas só com o vento», recordou Deus Lima. «Este sistema fica um pouco caro, mas os alemães prometeram vir ao país fazer os estudos para saber até que ponto é possível produzir energia utilizando a força do vento no arquipélago», concluiu. «Biomassa não é mais do que utilizar a lixeira que temos em Boa Morte para produzir energia», explicou ainda o ministro. «Se nós pudéssemos ter a nossa lixeira multiplicada, em dez ou vinte vezes mais, eu já podia garantir-vos que através disso podíamos produzir uma grande quantidade de energia», sublinhou. Inácio Amorim
domingo, setembro 03, 2006
sexta-feira, setembro 01, 2006
Descoberta molécula com acção anti-malárica em planta de São Tomé e Príncipe
Sendo a malária uma doença que ainda mata em África, a descoberta de uma molécula activa com função anti-malárica é um passo determinante para erradicar a doença. Maria do Céu Madureira é a voz do projecto “Paguê”, uma iniciativa que visa comprovar a actividade terapêutica das plantas. Para o efeito, contou com a ajuda preciosa dos terapeutas tradicionais de São Tomé e Príncipe.
O homem sempre teve uma estreita relação com a natureza. As plantas, mais do que ornamentos visuais, podem surpreender a ciência e ser um parceiro importante para a erradicação de doenças. O projecto Paguê é disso exemplo. Trata-se de uma iniciativa que privilegia a investigação científica e que trata as plantas como fortes aliados. De forma a dar uma vertente mais prática às aulas de ciências farmacêuticas, algumas alunas do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz rumaram para São Tomé e Príncipe.
Os terapeutas tradicionais – Verdadeiros dicionários botânicos
Maria do Céu Madureira, professora no Instituto, é a voz do projecto. A ideia de ir recolher plantas em São Tomé e Príncipe não foi impensada. Estas ilhas detêm uma flora muito rica, uma verdadeira extensão botânica, ainda muito pouco explorada. A primeira fase do projecto trouxe informações úteis pela voz de quem mais sabia, os terapeutas tradicionais. Mais do que catalogar novas informações, o projecto permitiu trazer cerca de 50 espécies medicinais diferentes, posteriormente analisadas em contexto laboratorial.
O contacto directo com os terapeutas foi fundamental. Sem eles, seria impensável ter acesso a essa fonte de conhecimento, que vai desaparecendo à medida que os curandeiros morrem. “É realmente uma fonte de sabedoria imensa que, depois, os investigadores, nos laboratórios, podem utilizar para direccionar as suas pesquisas”, confirma Maria do Céu Madureira.
Tagitinina c - uma descoberta importante
Uma das espécies identificadas cientificamente e que já foi alvo de investigação laboratorial é a titonia diversifolia, mais conhecida em São Tomé como o “Girassol”. Esta planta contém a Tagitinina C, um composto activo, que provou ter uma acção anti-malárica. Esta descoberta só foi possível depois de um terapeuta tradicional ter mostrado a planta que usava para curar a malária. Neste momento, conviria dar continuidade ao processo, “fazer interessar a indústria por este tipo de compostos, que pode ser muito útil para a população de São Tomé e a outros países onde a malária é endémica e é um problema muito grave”, acrescenta a investigadora.
O aparecimento de doenças incuráveis, o ressurgimento de doenças consideradas extintas, ou a resistência aos fármacos, criam a necessidade de estudar novas alternativas. A etnofarmacologia pode então ser um aliado importante na pesquisa de novas moléculas. A Tagitinica C actua sobre o parasita da malária humana e a aplicação prática desse estudo pode ganhar terreno em benefício da população em África.
Um negócio sem regulamentação
A comercialização dos medicamentos à base de plantas ainda não está regulamentada. Apesar das disposições comunitárias, estes remédios, muitas vezes vendidos em ervanárias, continuam a entrar no mercado português como produtos dietéticos ou alimentares. “Não estão sobre a alçada, até agora, do Ministério da Saúde nem do Infarmed, que é quem regula e tutela toda a parte do medicamento”, informa Maria do Céu Madureira. A Lei, que deveria estar em vigor desde o dia 1 de Novembro de 2004, obriga todos os países membros da União Europeia a considerar como medicamento os produtos que tenham uma função terapêutica, incluindo os produtos à base de plantas. Nesse sentido, utilizar um medicamento sem prescrição médica ou aconselhamento farmacêutico continua a ser um risco. Há produtos que detêm uma forte componente tóxica. “Não nos podemos esquecer dos últimos avanços na área do cancro. A grande maioria dos últimos produtos que surgiram no mercado são, ou de origem sintética, ou de origem exclusivamente natural. Portanto, não estamos a falar apenas dos cházinhos para a digestão ou para a dor de cabeça”, avisa a investigadora
Estudo botânico, uma investigação com bons resultados
Uma das premissas desta investigação consiste na análise da actividade biológica nas plantas. Os dados obtidos em laboratório confirmam que, em 76 por cento dos casos, os estados brutos das plantas apresentam uma actividade antibacteriana ou antifúngica. Os resultados são surpreendentes e comprovam a eficácia daquilo que os terapeutas tradicionais já manuseiam há muitos tempo, uma sabedoria, que é agora um forte contributo para a investigação em Portugal.
Sofia Pinheiro - 07/12/2005
Genética da população de São Tomé
Vamos viajar até África, mais propriamente até São Tomé e Príncipe, onde um grupo de investigadores do IPATIMUP desenvolveu um estudo sobre o património genético da população. Através da recolha de ADN dos nativos são-tomenses, é agora possível escrever a história do povoamento desta ilha africana.
A história das origens da população de São Tomé tem várias versões. Sabe-se que se trataram de escravos trazidos pelos colonos portugueses, mas levanta-se algum véu de controvérsia quanto à naturalidade destes indivíduos.
Jorge Rocha, investigador no IPATIMUP, viajou até São Tomé no Verão de 2003 para contar a história de um povo através da sua genética.
Pretendia-se saber um pouco mais sobre os cruzamentos genéticos dos escravos com os portugueses, mas acima de tudo, o projecto visava perceber as migrações de escravos para esta ilha.
O estudo veio quebrar a ideia de que a população de São Tomé terá tido origens essencialmente angolanas. Como explica Jorge Rocha, “quanto às regiões de origem dos escravos na região de São Tomé, o que nós concluimos é que hoje ainda é possível ver as marcas das migrações de escravos capturados em regiões tão distintas como a região da Nigéria e daquilo a que se chama a Costa dos Escravos, que vai da zona da Nigéria, ao delta do rio Níger e a região do Gana, onde na altura desempenhava um lugar central no tráfego de escravos, o forte de São Jorge da Mina, construído pelos portugueses nos finais do séc. XV”.
Nos níveis de miscigenação, São Tomé não seguiu o exemplo de outras colónias africanas portuguesas. Jorge Rocha confirma a existência de genes europeus nos sãotomenses, mas ressalva tratarem-se de níveis relativamente baixos na ordem dos 10%.
A diversidade da ilha é grande, mas poderiam-se desenhar essencialmente dois grandes grupos populacionais: “o que nós verificamos é que existe um nível de variação excepcional dentro da pequena ilha de São Tomé. E que essa diferenciação está bem correlacionada com a diferença de um grupo linguístico de São Tomé, que se chama angolares.”
Tjerk Hagemeijer é um linguísta holandês que se tem dedicado ao estudo das línguas de São Tomé e Príncipe. As conclusões que tem tirado vão de encontro aos estudos feitos pela equipa de Jorge Rocha.
O linguísta transcreveu várias gravações dos quatro crioulos do arquipélago, analisou as estruturas, e consegue agora garantir ter havido uma língua nuclear comum: “Em São Tomé, do contacto entre os portugueses e os escravos terá surgido uma nova língua. Sobretudo no seio dos escravos terá surgido uma nova língua para se comunicarem com os europeus – os portugueses, neste caso. Começa aí a nascer um crioulo, que, provavelmente, nesta fase, é um pidgin. Um pindgin nem é uma língua, é uma forma de comunicar muito rudimentar. E é a partir desse pindgin que se forma o crioulo. Portanto, o crioulo é a nativização de um pindgin. Isto é o que terá acontecido no caso de São Tomé.”
Mas o angolar continua a ser um desafio, pois “estamos a ir de uma língua de um grupo completamente diferente, que se falava uma língua no reino do Benin, que ainda hoje se fala, que é o “edo”, do grupo “edoid”, que é família quase do “yoruba”, etc. É uma língua tipologicamente muito diferente das línguas “bantu”. As línguas “bantu” são as línguas que encontramos no Congo, em Angola. São grupos tipologicamente muito distintos”
Sabe-se que numa primeira fase, a chamada sociedade de habitação, os escravos trazidos para São Tomé teriam origens na zona do reino de Benin, na Nigéria. Vinte anos depois, com a platação da cana de açucar, dá-se uma mudança de área de resgate. Eram precisos homens robustos e os colonos decidem trazer escravos da zona do Congo e de Angola. Supostamente, seriam estes os locais de origem dos angolares, mas como já referimos, este grupo populacional apresenta também influências de outras zonas de África.
Várias histórias se levantam para explicar a origem dos angolares. Há quem fale do naufrágio de um barco negreiro, cuja tripulação escrava sobrevivente tivesse rumado até à costa. Outros acreditam que estes angolares se trataram de escravos que fugiram das roças e que criaram uma comunidade própria, vindo a espalhar-se mais tarde pelas zonas costeiras da ilha de São Tomé.
Apesar do carácter peculiar da língua dos angolares, Tjerk Hagemeijer explica que os quatro crioulos mantêm uma estrutura comum: “Todos os quatro crioulos têm estruturas que são comuns. Vou dar um exemplo: pássaro voou subiu – que quer dizer “o pássaro voou para cima”. São dois verbos que exprimem uma só acção: voar para cima”. Ou por exemplo, “tomar água, pôr na lata” - pôr a água na lata. Estas estruturas são chamadas estruturas de verbos seriais. Isto é uma componente nuclear de uma gramática. Os quatro crioulos têm esta estrutura e esta estrutura não existe em Bantu, mas é uma estrutura típica ao nível das línguas da Nigéria, Gana, Costa do Marfim, etc.”
Há um palco de partilhas linguísticas e genéticas entre os indivíduos que são e os que não são angolares. O que o grupo de Jorge Rocha não consegue explicar é o que originou toda esta diversidade sãotomense:“o que nós sabemos é que existe uma perda da diversidade e ao mesmo tempo uma partilha genética entre os angolares e os indivíduos que não são angolares. Agora, o que não sabemos é se essa partilha resulta de uma origem comum com posterior diferenciação, ou se de origem diferente com posterior miscigenação. Isso é um problema muito difícil!”
Ao todo, foram recolhidas amostras de ADN a 1400 pessoas – o que representa 1% do total da população de São Tomé. O processo de colheita é idêntico àquele utilizado nas técnicas forenses comuns. Faz-se uma rapagem do interior da cavidade bucal e coloca-se esse extracto em álcool, onde permanece até ser trabalhado no laboratório.
Jorge Rocha adianta ainda que em nenhum momento foi feita uma separação à priori dos indivíduos colectados quanto ao grupo populacional. Deste modo evitaria pré-conceitos na investigação. No entanto, à medida que obtinha os resultados de ADN, verificava que indivíduos de diferentes localidades se agrupavam, não obstante, nos tais dois grandes grupos populacionais: os angolares e os não-angolares.
Quase a completar três anos de investigação, o projecto encontra-se na meta final. No entanto, muito ainda haverá por estudar na terra que Jorge Rocha considera um laboratório fabuloso de diversidade genética.
Cíntia Taylor - 11/12/2005
quinta-feira, agosto 31, 2006
EQUADOR EM ANÁLISE: opinião de Gerhard Seibert. Contributos para a história de S. Tomé e Príncipe nos princípios do século XX
Bolseiro de pós-doutoramento Gerhard Seibert apresenta no último número da revista História (Outubro 2003) um importante enquadramento da obra Equador, de Miguel Sousa Tavares. Pelo facto desse enquadramento não se afastar da obra a que respeita, antes integrar os seus conteúdos, entendemos importante fazer a sua divulgação alargada. Importante, da mesma forma, os erros e imprecisões apontados.
Esta nossa ideia surge com reforço acrescido pelo facto de entendemos ser necessário chamar a atenção para uma realidade ainda pouco conhecida das pessoas em geral, mesmo entre aqueles que gostam e partilham o interesse pelas "coisas" da História. Diferente será já o cenário ao nível daqueles que se dedicam à pesquisa e à investigação.
No que respeita ao continente africano, nomeadamente, às ex-colónias portuguesas, muito ainda há para divulgar. Se pensarmos, então, no período que vai para além do século XVI e que antecede a Guerra Colonial, muito está para ser conhecido. É pois um pouco este lapso que aproveitamos agora para colmatar. E sem dúvida que o artigo que iremos apresentar contribui para que isso aconteça.
UM GOVERNADOR PARA S. TOMÉ
São Tomé e Príncipe no início do século XX é o palco principal deste romance histórico. Na altura, filantropos e chocolateiros ingleses desencadearam uma campanha contra as atrocidades praticadas pelos portugueses no arquipélago sobre os contratados angolanos nas suas plantações de cacau e café. Deixando uma vida confortável em Lisboa, em 1906 Luís Bernardo Valença é nomeado o novo governador de São Tomé e Príncipe com a missão de convencer os ingleses de que não havia trabalho escravo no arquipélago.
Pouco depois do governador, chega a São Tomé o cônsul inglês David Jameson, que tem por missão relatar às autoridades britânicas as condições de trabalho nas roças. Luís Bernardo defende uma colonização feita por processos e métodos modernos e civilizados. As suas posições iluminadas são veementemente repudiadas por todos os portugueses nas ilhas, isolando-o cada vez mais.
David, com quem partilha as mesmas ideias sobre o regime de contrato, torna-se o único amigo de Luís Bernardo no pequeno mundo insular. A relação amorosa clandestina entre o governador e Ann, a atractiva esposa do David, não afecta a amizade entre os dois homens mas, quando se transforma num segredo aberto, torna-se inesperadamente uma arma para os seus adversários em São Tomé. Depois de menos de dois anos fracassa tanto o seu relacionamento com Ann, como a sua missão de reconciliar os interesses dos roceiros com as exigências dos ingleses de acabar com o trabalho escravo em São Tomé e Príncipe.
Realidade histórica e ficção literária
Claro que o cônsul inglês em São Tomé é uma criação literária e é pouco provável que, na época, um governador português tenha defendido as posições de Luís Bernardo relativamente aos contratados. Utópico é imaginar que o governador, advogado de formação, até se faz de defensor oficioso dos trabalhadores fugidos da Roça Rio do Ouro. Pelos vistos, este romance também é uma tentativa literária da reposição da história colonial, mediante a criação da personagem de um governador humano que defende um colonialismo moderno e até se põe ao lado dos africanos. A realidade histórica é porem bem diferente da ficção.
No entanto, a polémica em torno do cacau escravo em São Tomé e Príncipe não é ficção. É um episódio histórico conhecido e bem documentado. O livro narra veridicamente estes acontecimentos, que culminaram com o boicote do cacau das ilhas pelos chocolateiros ingleses em 1909, assim como reproduz os respectivos argumentos dos roceiros portugueses e os seus adversários. O romance reflecte bem o contraste entre a riqueza e grandeza dos roceiros bem sucedidos, e as condições miseráveis dos contratados africanos em São Tomé e Príncipe. Relativamente a esta parte existem apenas algumas inexactidões menos relevantes. De facto, a produção anual de cacau de São Tomé e Príncipe na época não chegou às 30 mil toneladas. Este volume foi alcançado apenas no período de 1909 a 1914. Não houve explorações inglesas de cacau no Gabão, uma colónia francesa. E os serviçais angolanos não foram considerados cidadãos portugueses mas, ao contrário, eram categorizados como indígenas.
O outro São Tomé
Obviamente o autor é muito melhor familiarizado com a história da polémica do trabalho escravo do que com a geografia, antropologia e fauna do arquipélago. A parte são-tomense não foi investigada tão minuciosamente. Até os dados acerca da superficie das duas ilhas e da altitude do Pico de São Tomé são incorrectos. Na cidade de São Tomé, a Câmara Municipal não faz frente com o edifício onde funcionavam o Tribunal e os Correios. O Palácio do Governador não fica distante da Sé Catedral, mas directamente ao seu lado. Também é impossível que naquela altura Luís Bernardo vá de cavalo à Praia das Sete Ondas no meio das suas deambulações pela cidade, ou com tanta frequência à Praia Micondó, porque estas ficam muito distantes, no sul da ilha. A imaginação da volta pela cidade e destes passeios às praias não pode vir do mapa, mas provavelmente das reproduções do valioso livro "Antigos Postais de S. Tomé e Príncipe" de João Loureiro. Deste livro, o autor copiou aparentemente também o erro que havia serviçais angolares, em vez de angolanos ou angolenses. Os angolares são descendentes de escravos fugidos do século XVI, que constituíram um quilombo no inacessível sul de São Tomé. Como os forros, os outros crioulos nativos da ilha, os angolares sempre recusaram trabalhar em regime de contrato.
Ausência dos nativos
No romance, a população nativa de São Tomé e Príncipe é quase completamente inexistente. Não se sabe absolutamente nada sobre a sua posição dentro da sociedade colonial. Os seis empregados do governador são os únicos forros que aparecem com nome. Mas é impossível que, sobretudo na referida época, um deles se chamasse Mamoun, um nome árabe. Errada é também a descrição da típica habitação dos ilhéus como uma cubata, simples construção de madeira, em cujo interior se faz fogo de lenha para cozinhar. De facto, a casa característica dos forros é uma construção de madeira sobre estacas, frequentemente com várias divisões, e a cozinha é sempre separada da casa.
Também é pouco provável que o governador possa ouvir de manhã os primeiros gritos dos papagaios pelas janelas do seu palácio, visto que a única espécie de papagaio no arquipélago (...) existe somente no Príncipe. Ainda, a terrível serpente venenosa de São Tomé (...) não é conhecida por cobra negra, mas por cobra preta. A verdadeira flor emblemática das ilhas é mais a rosa de porcelana (...) e não a chamada rosa louca (...) do romance. Esta flor existe em São Tomé e Príncipe, mas lá esta designação é desconhecida. Absurdo é afirmar também, que a malária de São Tomé e Príncipe é mais letal do que a dos outros sítios. (...).
Imprecisões factuais
Outros erros factuais existem relativamente a datas. É impossível que Luís Bernardo leia o poema Serões de S. Tomé do escritor são-tomense Caetano da Costa Alegre (1864-1890) em 1906, pois as suas poesias foram publicadas somente postumamente, dez anos depois. Naquela altura também não há um bispo em São Tomé. Igualmente, o governador não pode ter convencido a professora do liceu local, que falava inglês a dar aulas de português ao cônsul e à sua esposa, porque o primeiro liceu em São Tomé foi fundado somente uns cinquenta anos mais tarde. Igualmente remota é a possibilidade que ele descobre para David um negro de Zamzibar que fala árabe, língua que o cônsul também domina, para lhe servir de intérprete de árabe para português. Aqui teria sido mais adequado criar a personagem de um homem da Serra Leoa, funcionário da Estação do Cabo Submarino em São Tomé, os chamados ingleses pretos, pois realmente existiram na altura. Um deles poderia ter servido ao cônsul inglês como intérprete de português para inglês.
A grandeza literária do romance histórico
Contudo, estes enganos e inexactidões evitáveis relativamente a São Tomé e Príncipe não prejudicam o romance. Do ponto de vista literário não são relevantes para o desenrolar da bem construída narrativa. E o leitor comum nem sequer os nota. Quem conhece bem São Tomé e os repara, poder-se-á conciliar com a ideia que fazem parte da liberdade de ficção. Graças ao estilo literário simples e à linguagem acessível lê-se com muita facilidade. Ao longo das quinhentas páginas a história fica cada vez mais interessante. Nunca se perde a curiosidade de continuar a leitura deste romance histórico até ao final inesperado.
Este post encontra-se publicado em História e Ciência e foi reproduzido com a autorização da responsável pelo blog.
Equador - Miguel Sousa Tavares
A história do livro leva-nos a entrar numa máquina do tempo, um regresso a Portugal e a S. Tomé e Príncipe de princípios do século XX (período compreendido de Dezembro de 1905 a Janeiro de 1908, durante o reinado de D. Carlos). O enredo está descrito numa página web dedicada ao livro e ao autor:
Quando, em Dezembro de 1905, Luís Bernardo é chamado por El-Rei D.Carlos a Vila Viçosa, não imaginava o que o futuro lhe reservava. Não sabia que teria de trocar a sua vida despreocupada na sociedade cosmopolita de Lisboa por uma missão tão patriótica quanto arriscada na distante ilha de S. Tomé. Não esperava que o cargo de governador e a defesa da dignidade dos trabalhadores das roças o lançassem numa rede de conflitos de interesses com a metrópole. E não contava que a descoberta do amor lhe viesse a mudar a vida. É com esta história admiravelmente bem escrita, comovente e perturbadora que Miguel Sousa Tavares inaugura a sua incursão na escrita literária. EQUADOR foi o fruto de uma longa maturação e investigação histórica que inspirou um romance fascinante vivido num período complexo da história portuguesa, no início do século XX e últimos anos da Monarquia.
Ossobô
Se é belo ou não, cabe a cada um de nós o julgar:)
Escravos do Paraíso de António Bondoso
Escravos do Paraíso - Vivências de São Tomé e Príncipe (António Bondoso)
"Escravos do Paraíso"é uma viagem profunda à intimidade dos afectos e da paixão pelas Ilhas de São Tomé e do Príncipe, inventadas por Deus e abençoadas pela natureza africana. Dos que viveram e daqueles que ainda permanecem no coração das "Ilhas do Meio do Mundo", são-nos também revelados sentimentos de desilusão e de mágoa pelas dificuldades surgidas nos caminhos da afirmação da independência e, simultâneamente, de uma eterna esperança no futuro do novo País, agora que o ciclo do petróleo ocupa posição cimeira no leque de prioridadesdas novas gerações (...)
"Escravos do Paraíso" percorre parte do trajecto da violência da escravatura e dos serviçais contratados para as roças, ora no "ciclo da cana do açúcar" ora no "ciclo do cacau", permitindo enquadrar episódios reais e testemunhos na primeira pessoa, do tempo mais recente do longo "ciclo da colonização portuguesa" nessas ilhas do Golfo da Guiné.
Sobre o autor:
António Bondoso nasceu em Moimenta da Beira e viveu durante 21 anos em São Tomé, até Outubro de 1974.
Iniciou a sua carreira radiofónica no Rádio Clube de São Tomé em 1967, passando para a ex- Emissora Nacional (EN) em 1973.
Nos anos 80 e 90 foi colaborador da RTP na área do jornalismo desportivo. Na RDP e na TDM-Rádio Macau exerceu cargos de chefia e de direcção.
«Em Macau por Acaso» (1999) foi o seu primeiro livro de poesia, seguindo-se «Tons Dispersos» (2003) e «A Cidade e a Paixão-Poemas de Azul e Branco» (2004).
São Tomé - Google Earth
quarta-feira, agosto 30, 2006
sábado, agosto 12, 2006
quinta-feira, agosto 10, 2006
Jardim Botânico de São Tomé
Produtos de São Tomé e Príncipe
Ossobô EcoSocial - Produtos locais - artesanato; confecção e embalagem de produtos alimentares; recolha, tratamento e reciclagem de vidro e preservação e sensibilização ambiental. Comércio justo, agora com possibilidade de efectuar compras on-line.
Informações sobre o país - Link
SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E SUPERFÍCIE DE S. TOMÉ E PRÍNCIPE
RELEVO E HIDROGRAFIA
DESCOBERTA
POPULAÇÃO
PRINCIPAIS CENTROS POPULACIONAIS
domingo, agosto 06, 2006
quinta-feira, junho 15, 2006
terça-feira, junho 06, 2006
quarta-feira, março 01, 2006
São Tomé e Príncipe
Duas ilhas de origem vulcânica que ocupam a área de
Atenção, que esta afirmação não significa que tudo é perfeito ou não fosse este um país em vias de desenvolvimento, mas de certeza que visitar este país fará as delícias de todos os amantes da Natureza.